Sempre houve visões de mundo alternativas. São os nossos mapas cognitivos, antigos como as mentes. As crenças primitivas, as correntes filosóficas, as religiões, as ideologias e as teorias científicas formulam e transmitem essas diversas visões. Os cientistas são exigentes quanto aos métodos de exame dessas crenças. Descredenciam como não científicas todas as hipóteses ou visões de mundo que não passem nesse exame. O choque entre a ciência e a religião marca em tempos modernos a história intelectual de nossa civilização. Karl Popper, no ensaio “A racionalidade das revoluções científicas” (1975), distingue entre revoluções ideológicas e revoluções científicas. Os processos de mudança no grau de aceitação social de uma ideologia, de um lado, e os métodos racionais para a derrubada de uma teoria científica, de outro. “As revoluções de Copérnico e Darwin foram claramente revoluções científicas na medida em que cada uma delas derrubou uma teoria científica dominante. Mas tornaram-se também revoluções ideológicas na medida em que mudaram radicalmente a visão do homem quanto a seu lugar no universo. O impacto ideológico de Copérnico e Darwin foi colossal exatamente pelo choque com as crenças religiosas”, afirma Popper. As construções científicas estabelecidas desabam de uma só vez sob o impacto das inovações, implodindo subitamente, como descreveu Thomas Kuhn em seu clássico ensaio “A estrutura das revoluções científicas” (1962). Mas a popularização dos novos mapas conceituais pode literalmente levar séculos. Esse atraso entre os novos fundamentos científicos do conhecimento e a mudança das crenças populares ocorreu nos campos da astronomia, da biologia e também da economia. Neste último campo, particularmente, temos uma revolução inacabada. Sabemos, em bases científicas, muito mais do que praticamos. O atraso deveu-se a um formidável equívoco intelectual: as pretensões científicas do socialismo. As construções humanas resultam de uma mistura de conhecimentos racionais e crenças irracionais – superstições, mitos, preconceitos, religiões, ideologias. Desse complexo sistema de crenças, evoluem nossas instituições. E dessas instituições resulta nosso desempenho econômico. “Metade do mundo tornou-se socialista quando essa ideologia foi percebida como a onda do futuro. Partindo de um sistema de crenças não científicas para o desenho de instituições, a breve história da União Soviética é um testemunho da inviabilidade inerente a um quadro institucional inflexível no mundo complexo que estamos criando”, alerta o prêmio Nobel Douglass North, em “Compreendendo o processo de mudança econômica” (2005). “Países que conseguem evitar idéias econômicas equivocadas exibem maior prosperidade. A globalização está criando uma convergência para a cultura da produtividade. Ou os países aderem voluntariamente à nova cultura econômica, mudando antigas crenças, atitudes e valores inadequados à prosperidade, ou serão eventualmente forçados a fazê-lo”, afirma Michael Porter, em “Atitudes, valores, crenças e prosperidade” (1999). A revolução inacabada, quem diria, não era a socialista.
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