Avaliando os resultados da “Pesquisa Nacional Qualidade da Educação: a escola pública na opinião dos pais” – uma pesquisa qualitativa feita com famílias de alunos do ensino básico de cinco capitais: Rio de Janeiro, Belém, Brasília, Recife e Curitiba – podemos ver, pela perspectiva das famílias, quais os principais males da educação provida pelo Estado. Em primeiro lugar é possível detectar um forte descontentamento com o poder público e com o seu modo de operação. Os resultados revelam famílias que buscam, na escola, valores como disciplina, métodos de avaliação padronizados e boa prestação de serviços. “Em princípio, a Secretaria de Educação, seja municipal ou estadual, permanece como um organismo praticamente desconhecido. Quando estimulados a falar sobre o poder público educacional, os participantes mostram-se firmes na crítica à omissão de suas funções. Para eles, há falta de fiscalização das escolas, dos diretores e dos professores. Responsabilizam as secretarias de educação pela falta de segurança, pela instabilidade no fornecimento de merenda, pela ausência de controle no acesso às escolas, pelo não comparecimento de professores e pelo crescente e ‘perigoso’ abandono do uso de uniforme pelos alunos. Para os participantes dos grupos, não existe uma padronização de métodos de avaliação, de infra-estrutura e de projeto arquitetônico nas redes públicas, o que pressiona os custos de conservação e reduz a produtividade do sistema.” Essa falta de fiscalização ou, como diriam os americanos lack of accountability, faz com que os professores não respondam diretamente aos seus “clientes” principais: as famílias. A percepção em relação ao setor privado é bem discrepante do que os pesquisados associam ao ensino público: “Na percepção do público da pesquisa, a qualidade superior da instituição privada advém, basicamente, de maiores exigências sobre os professores, que podem ser demitidos, se não atenderem aos requisitos, e o regime de concorrência, que pune as escolas de má qualidade com a perda de alunos. Em contrapartida, no ensino público o professor desfruta de estabilidade e regalias, que acabam desembocando em menor compromisso com a função. As greves, as ausências e faltas de professores causam profunda indignação entre os responsáveis pelos alunos. A escola particular é também vista como um ambiente mais disciplinado, organizado, seguro e respeitoso, fatores que contribuem para o melhor aproveitamento dos estudantes. As percepções convergem no sentido de que somente a escola privada pode garantir uma preparação adequada para o ingresso no ensino superior.” Apesar de detectarem uma melhora do sistema como um todo, especialmente se comparado com o da sua própria infância, a maior parte dos pais reconhece nas escolas privadas, não só o resutado de maior eficiência, mas um procedimento crucial para este melhor resultado. Por trabalharem em um sistema competitivo, os professores do sistema particular não podem abusar de greves e respondem por seus atos e omissões com o próprio posto. Quem sai perdendo com a incompetência de um professor da rede privada é ele mesmo, que pagará com seu emprego. Na rede pública o preço é repassado aos alunos e suas famílias.
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