Por que a insegurança aterroriza todos os dias a vida do brasileiro? Por quê a sociedade brasileira vive em estado de letargia e aceita isso?
Como diria o menor de 14 anos, que assassinou de forma brutal e covarde o médico gastroenterologista, Marco Antônio Loss, de 47 anos, no último sábado em Santos, “antes ele do que eu”, o valor da vida humana não representa mais nada na sociedade brasileira. O médico Marco Antônio, em horário de folga foi visitar um paciente no Hospital Ana Costa em Santos, e na saída foi abordado por dois menores, um de 14 e outro de 16 anos, e literalmente, levou um tiro de 9mm nas costas.
O médico, que escolheu a profissão de salvar vidas, na verdade encontrou a morte nas mãos de dois menores marginais e monstros, criados por uma sociedade que não cobra a mudança dos políticos em Brasília. E o mais engraçado, no mesmo dia a policia prendeu os mesmos, mas se deparou com uma cena inusitada, quando foram prender os dois marginais em Cubatão, a policia foi recebida com agressões pelos populares. Inversões de valores, a própria sociedade brasileira insiste em proteger o mal em vez do bem. Os marginais são frutos de uma sociedade que insiste em errar, em políticos que não protegem a mesma, ou pelo menos não têm o mínimo de sensibilidade em mudar as leis por um país mais seguro.
Mas é uma grande falácia quando a sociedade ou, melhor, alguns poucos utópicos, que não vivem a realidade do país, afirmam que os “criminosos” são produtos do “sistema”. Os jovens são gananciosos, não querem estudar, vivem de ilusões momentâneas, defendem o consumo de drogas, não querem ter uma família, e junto com isso os mesmos se deparam com modelos de corrupção e políticos que aprontam diariamente com a sociedade brasileira. Os mesmos são balizados por um Estatuto do Menor que, na verdade, é uma cartilha de proteção ao crime, sem contar que o novo padrão cultural do Brasil está atrelado aos modelos de “funk ostentação”, por meio do qual os grupos mais desprovidos das condições essenciais da vida humana valorizam os modelos de consumo pelo bel prazer de uma imagem inexistente, ou irreal.
Somado a tudo isso, o Brasil ainda sofre de inanição educacional. Os indicadores nacionais e, principalmente, os internacionais colocam o país em uma posição pífia. A nossa tragédia da segurança é uma responsabilidade direta da sociedade, e um crime dos políticos, que literalmente não fazem nada para mudar. Mudanças não acontecem, mas falácias acontecem todos os dias. Vendo uma propaganda eleitoral de Paulo Maluf nesses últimos dias é de se pensar que o Brasil nunca mudará. Como posso aceitar um político corrupto, condenado, e procurado pela Interpol falando em segurança no Estado de São Paulo, ou no Brasil? Ou outro exemplo, como posso falar em seguridade social, se na região que mais necessita de água, o próprio Exército Brasileiro e o governo federal estão envolvidos em desvio de recursos e contaminação da água potável? A nossa violência diária é gerida à base de uma corrupção desenfreada e, principalmente, de debates políticos vazios que só têm um objetivo: a próxima eleição.
Só para se ter uma ideia, a Controladoria Geral da União aponta que educação é um dos grandes focos da corrupção no Brasil. Por exemplo, 45% dos recursos destinados ao transporte escolar, e 35% destinados à merenda, são desviados pela corrupção brasileira. A tragédia está feita. Crianças fora das escolas, escolas em péssimas estruturas, professores desqualificados, programas escolares com déficits para aprendizagem, famílias destruídas, no fim, o crime agradece, e nós pagamos com nossas vidas.
O Brasil é conhecido como o país do “Nem Nem”. Um dia ministrando uma palestra em uma renomada universidade brasileira, um aluno me perguntou, “professor o que significa a parcela da sociedade brasileira dos “Nem Nem”?”.
Na verdade a pergunta do aluno estrangeiro me causou uma mistura de dúvida com revolta. Conforme o último levantamento do IBGE no PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), 1/5 dos jovens brasileiros pertencem ao grupo dos “Nem Nem”, “nem estudam nem trabalham”, isso significa que na faixa de 15 a 29 anos, 9,6 milhões de jovens brasileiros não produzem nada. Considerando que hoje existem 7 milhões de matriculados no ensino superior, e o certo seria termos 14 milhões, o Brasil tem um cenário lastimável de produção intelectual e profissional para os próximos anos. Ou melhor, pífio. E para piorar a situação, destes 9,6 milhões de “nem nem”, 70,3% são mulheres, assim a conquista de igualdade fica cada vez mais distantes, sem contar as tragédias que são levadas as mulheres todos os dias, tais como insegurança doméstica, violência e estupros, gravidez na adolescência, desigualdade salarial, desigualdade profissional, entre outros fatores sociais e econômicos. Sem contar que fora destas estatísticas, muitos jovens brasileiros, que amam a ostentação independente da classe econômica, alimentam o presente, sem avaliar o passado, e tampouco pensar no futuro, assim a estatística verdadeira é perversa.
Muitos lideres brasileiros, empresários, e até alguns políticos pensam em transformar a educação, mas por quê ainda vivemos sob uma barreira contínua de desenvolvimento?
No último sábado, 30 de novembro de 2013, o mesmo dia do assassinato covarde do médico Marco Antônio em Santos, o empresário e membro do Conselho Estadual da Educação (SP), Jair Ribeiro, publicou artigo no jornal “O Estado de São Paulo” com o titulo “Nós vamos transformar a educação pública do país”. A ideia e a iniciativa são ótimas, mas logo no inicio a tristeza toma conta. Segundo Jair, mais de 50% dos jovens de 14 a 18 anos estão fora do ensino médio. A evasão está aumentando e apenas 10% dos que ser formam no ensino médio dominam o conteúdo esperado para as suas séries. E a estatística recente que mais me chocou: cerca de 25% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos não completaram o ensino médio, não estudam e não trabalham (estudo da Fundação Seade, agosto de 2013).
Ou seja, estamos jogando pelo ralo o tal bônus demográfico brasileiro, um verdadeiro absurdo!”. Está feita a tragédia.
Agora você quer entender sua culpa no processo de violência no Brasil? Analise o quanto você contribui para transformar o país pela educação, e veja efetivamente suas ações, de seus familiares, de seus filhos, de seus amigos, de seus colegas, e principalmente dos políticos em que você votou nos últimos 20 anos. Você perceberá que o esforço é pífio perto da sua real necessidade.
Até quando veremos crianças, ou pequenos monstros, assassinarem diariamente pessoas de bem, pais de famílias, que todos os dias tentam construir um Brasil melhor? Na verdade, a luta é inglória, pois o próprio país parece não querer a transformação, ou pelo menos resolver o problema.
Somos o país do “nem nem”, mas também somos o país do “tem tem”: violência, ostentação, pobreza, corrupção, drogas, contrabando, falta de educação, falta de inovação, falta de competitividade, falta de debate político sério, utopias direcionadas etc.
Hoje em dia, o único calor do brasileiro parece sair dos canos das pistolas, que diariamente são disparadas pelos marginais.
Para finalizar me pergunto: Será que em tempo de Natal os jovens assassinos terão indulto? Será dado algum tipo de conforto à família do médico Marco Antônio Loss ou dos milhares de brasileiros (civis e militares) que são assassinados covardemente todos os dias no Brasil? Nem Nem……
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