Não há um brasileiro que, pobre ou não, nunca tenha entrado, ao menos uma vez, na Internet. Computadores existem em lanchonetes como a McDonald’s, em colégios privados e públicos, ou mesmo nos tais cyber-cafés. A Internet possui diversas alternativas de comunicação entre as pessoas. Quer saber mais sobre o Instituto Millenium? Venha a esta página. Quer elogiar? Clique em “fale conosco”. Quer reclamar? Idem. Deseja conversar com alguém? Mande um e-mail. Ou entre no Google Talk. Ou no MSN Messenger. Ou vá bater papo em uma sala de chat. O parágrafo acima, aposto, estará desatualizado em cinco anos: a criatividade humana, como disse Julian Simon, é nosso último e mais importante recurso produtivo. Diante das adversidades, o ser humano cria. Claro, cria-se para o bem ou para o mal (além de criar estas categorias de “bem” e “mal”). Aposto até que Hayek, um admirador da criatividade humana, pensou em escrever, um dia, algo como: “crio, logo existo”. A criação é um processo arriscado. O criador tem de liberar seus pensamentos para, efetivamente, inventar algo inovador. O Criador, o tal, inventou estes seres humanos. Ou inventou Darwin. Há uma antiga charge de um jornal alemão na qual Lúcifer cozinha alguns sujeitos num caldeirão. Um pequeno diabo lhe pergunta: “- Por que estão aí”? E o diabão: “- Porque não acreditaram em Darwin, oras”! Eis a brilhante ironia criada pelo humorista alemão. Certamente arrancou risadas dos descendentes do austero reformista Luther (Lutero). Mas as risadas seriam aceitas em uma sociedade européia católica alguns séculos antes? Provavelmente não. Talvez a charge fosse classificada como herege e seu autor poderia ter de se desculpar publicamente por fazer um desenho do odioso Lúcifer. A liberdade, objetivo máximo dos liberais (e alvo número um da guerra travada pelos não-liberais) é o que permite às pessoas rirem de charges como esta. Durante oito anos, minha caixa postal foi visitada por centenas de mensagens nas quais o antigo ocupante da Granja do Torto, FHC, era acusado de todo tipo de crime. Eu, que não sou social-democrata (já simpatizei com a causa, sim), recebia e, eventualmente até retrucava algumas das mensagens. Faz parte da democracia liberal – aquela que respeita o direito dos indivíduos, lembra? – que as críticas abertas sejam feitas e transmitidas, sem julgamento de mérito sobre sua qualidade. Obviamente, o acusado tem direito à sua defesa. Mas eis que agora, aliados do atual presidente falam de “guerra suja” ao se referir à Internet e às críticas que vêem dos antigos “bombardeados”. Na época da última campanha presidencial, lembro-me bem, os mesmos aliados ameaçaram processar todos que enviassem mensagens (via e-mail) que fossem “ofensivas” ao atual ocupante da Granja do Torto. Isto foi em 2002. Agora, novamente, estão obcecados pelas críticas e charges. Qualquer um que critique o atual presidente, portanto, já foi avisado: “olha, nós que temos quase 40% da economia em nosso controle (é mais ou menos o tamanho da carga tributária, não?), vamos te silenciar se você falar contra nós”. Um Estado Forte, neste sentido, só é forte para a opressão, não para o desenvolvimento, seja ele social, sustentável, ambiental ou qualquer outro rótulo da moda que se lhe queira pendurar. Na verdade é um “Estado Fraco”, que busca sua força no silêncio dos cidadãos, sejam eles intelectuais ou não. Um Estado Fraco, em última instância, possui o menor apreço pela liberdade individual de todos os Estados.
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