O industrialismo é muito mais do que um sistema de produção. Criou uma nova cultura, uma forma de se ver o mundo.
Através dele o emprego virou sinônimo de trabalho. O sistema educacional aceitou a encomenda de desenvolver competências para a indústria e para essa tarefa emprega a melhor das suas energias, do Ensino Fundamental à Universidade. Atividades não demandadas pela indústria não são abordadas nos currículos escolares. Elas são consideradas fora da normalidade, e os excêntricos que quiserem ganhar a vida como dançarinos, músicos, cantores, autônomos, empreendedores, que se cuidem sozinhos, a sociedade não se sente na obrigação de gerar ou estimular tais competências. Mas o modelo que o industrialismo criou não se propagou apenas no trabalho. Sem pedir licença infiltrou-se no íntimo das famílias, das instituições, de todas as organizações. Transformou-se em crença, quase uma verdade. Impregnou o sistema educacional de todo o mundo. Se a indústria nega a emoção, a escola dela não trata. Como a indústria busca operadores de sistemas (apertadores de parafusos) a escola não investiu em criatividade. Já que a indústria (aqui englobando todos os setores produtivos) assumiu a tarefa de intermediação entre o indivíduo e os que necessitam da competência dele, a escola não se preocupa em desenvolver nos alunos a capacidade de identificar oportunidades.
No Brasil, em que o processo de industrialização apoiou-se em artificialismos como reservas de mercados, subsídios, importação de tecnologias, não era necessário preparar mentes inovadoras. Na nossa história não há bons registros da prática da inovação, pelo contrário. Elites misoneístas? A encomenda do industrialismo à escola foi atendida com eficácia. O professor universitário não só criou cursos que preparam para o emprego como de lambuja criou um “modelo” de inteligência à sua própria imagem. Claro, colocaram-se no topo e disseminaram a crença de que possuem o segredo do desenvolvimento máximo da inteligência humana.
A educação formal é o caminho padrão para se desenvolver a inteligência, em cujo ponto máximo está o cientista, o PhD. Assim, ser recusado pelo sistema escolar significa a condenação à mediocridade. Na contramão, marginalmente, os empresários construiram o seu saber com base em outros padrões: a rebeldia, a imaginação, a tentativa e erro, a ousadia, a criatividade. É mesmo difícil reconhecer o sucesso de quem não se graduou no ensino superior. Exceções como Bill Gates, Dell, Steve Jobs, agridem o senso comum. Como podem ser brilhantes se não passaram pela universidade? Tais “modelos” são vistos como uma ameaça à educação formal. Será? Não se trata de contestar a formação universitária. Não existe alguém, tendo o mínimo de bom senso, capaz de negar a sua importância. Mas é preciso reconhecer que também lá fora existe vida inteligente. É disso que fala o Steve Jobs no seu discurso para formandos da Universidade de Stanford. Inúmeras vezes presenciei a reação negativa da academia diante de empresários sem formação superior que eu convidava à sala de aula. Sendo um ícone, Bill Gates não se furtou a escrever textos enaltecendo a educação formal, para alegria dos pais.
Ao percorrer os degraus do sistema educacional o aluno passa da infância criativa e questionadora à adolescência inibida, até chegar à juventude conformada, sem energia para questionar e modificar padrões.
O modelo de competência do mundo do emprego não inovador proíbe o erro porque significa prejuízo. Logo ele, o erro, uma das principais fontes de aprendizagem do empreendedor. A escola, apesar de ser um lugar privilegiado para experimentos, leva esse preceito às últimas conseqüências e pune o erro severamente, lacrando a mente do estudante contra qualquer pulsão de inconformismo e criatividade.
Não me surpreende o desejo que domina os estudantes universitários: ser aprovado em concurso para o serviço público em busca exclusivamente da estabilidade e não movidos pelo nobre desejo de servir à sociedade. Logo o serviço público, de importância inigualável, que tanto precisa de empreendedores.
Análise perfeita dos fatos. Esse ano termino graduação em publicidade. Um curso medíocre que se estendeu por 4 anos, sendo que em 2 anos seria possível fazê-lo, tirando matérias completamente desnecessárias e outras que se repetem.
Os R$ 70.000 gasto nele eu poderia ter investido e montado um negócio e com ele ter contratado quem se deu tempo de estudar nas faculdades para trabalhar para mim. Já que o objetivo das faculdade é claramente formar funcionário. (Ensino médio forma pessoa para passar no vestibular e faculdade para arrumar em chefe).
Diversas disciplinas podem ser facilmente estudadas de casa. Seja com leitura de livros, assistindo a vide-o aulas ou na prática. Não há necessidade de ir para aula ver o professor resumindo o que você pode ler.