O caso de espionagem americana no mundo desencadeado pelo espião americano, Edward Snowden, e publicado de forma aberta para o mundo pelo jornalista Gleen Greenwald, na verdade, desencadeia outras preocupações para nós, brasileiros, principalmente quando temos problemas estruturais em nossa defesa nacional, fronteiras e problemas gritantes na segurança pública.
O tema de espionagem no caso Snowden, para quem conhece a comunidade de inteligência e os aspectos de defesa, sabe que, na verdade, nada é novo. Como diria Tim Maia, “Nada é nada e tudo é tudo”, ou melhor, a única verdade e preocupação apresentada no caso Snowden para o Brasil é uma reflexão profunda do porquê de nós não termos espionagem, inteligência, nos padrões americanos, franceses, ingleses, chineses e até mesmo alemães, considerando a importância econômica do Brasil, seu peso geopolítico e, principalmente, o momento estratégico que suas condicionantes de política externa têm para o mundo (riquezas energéticas, água, Amazônia, entre outros aspectos).
Quando as informações referentes ao Brasil foram a público, a primeira grande questão levantada foi: “cadê a contra-espionagem brasileira?”. Essa questão na verdade direcionou para outros questionamentos, principalmente da postura do Gabinete de Segurança Institucional que, de alguma forma, se mostrou perplexo com a atitude dos americanos, mas, cá entre nós, desde 2010 o Plano Nacional de Inteligência está adormecido no Palácio do Planalto, e por quê? Desde 1999, é de notório saber, os espiões americanos atuam no território brasileiro sob cobertura diplomática e com acreditação do próprio governo brasileiro. Aí outra pergunta: por quê o espanto do governo, do Congresso Nacional e do próprio Senado Federal?
Mas o ponto central deste problema não é a atuação dos americanos, mas sim a falta de atuação da inteligência brasileira, da falta de um plano estratégico e, principalmente, o descaso com que o governo trata a questão, considerando inclusive que o tema é de extrema relevância nos processos de defesa e competitividade nacional. Na própria Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que hoje conta com quadros de importância e profundo saber nas questões estratégicas nacionais, os mesmo hoje ficam adormecidos sem o peso e importância de suas funções e atividades. Por quê os agentes da Abin não estão espalhados pelo exterior, nas diversas missões oficiais do governo brasileiro? Os mesmos seriam muito melhor aproveitados, o próprio governo brasileiro não ficaria com sua imagem abalada no exterior e essa demonstração de fraqueza poderia ser neutralizada.
E já que o governo está tão preocupado com os americanos, a sua postura revela outra questão, como o governo tratará o tema de espionagem econômica e comercial nas negociações de aquisição dos caças supersônicos com os Estados Unidos, França e Suécia? Com a questão americana, as negociações sofreram um resfriamento, seria isso algo conexo com a demonstração de abalo sobre os americanos? Será que tudo não passa de uma fumaça para neutralizar os americanos e para o governo negociar mais profundamente com os franceses ou com os suecos? E será que Snowden não é mais uma plantação russa para desestabilizar a imagem americana?
Bom, poderemos ver cenas dos próximos capítulos no Fantástico, aguardem.
Até quando o governo Dilma irá pensar que inteligência é uma questão de porão??? Que medo é esse em ser potência?