Semana passada o mundo perdeu Milton Friedman, um dos maiores economistas dos últimos tempos. Neste sítio, Rodrigo Constantino escreveu algumas palavras sobre sua visão liberal (ou libertária) da economia. Friedman era um otimista no que diz respeito às pessoas, por isso era liberal: confiava na ação individual e desconfiava um bocado das ações dos burocratas e políticos. Pouca gente conhece, mas David Friedman, um de seus filhos, é um teórico anarco-capitalista (ou libertário) bastante criativo e com o mesmo talento retórico do pai, como se nota facilmente em seus livros-textos e em seu blog (o leitor mais jovem, estudante da Ciência Econômica, certamente poderá se divertir um bocado com estes links). Infelizmente os livros de David Friedman ainda não foram traduzidos para o português (ainda).
Bem, Milton Friedman se foi. E agora? O leitor brasileiro conhece sua obra? Há livros dele sendo reeditados? Uma parte dos “intelectuais” brasileiros parece não simpatizar com suas idéias (exceção feita aos bons cursos de mestrado e doutorado de economia, nos quais a leitura de alguns de seus artigos mais importantes é inevitável). Seus livros mais antigos nunca foram reeditados (faça um experimento: busque por livros traduzidos de Milton Friedman em portais de livrarias), sua contribuição para a mudança na política educacional norte-americana é parcamente conhecida no Brasil (exceto, pelo que sei, por gente que publica aqui, no Millenium) e seus artigos sobre aspectos diversos (que não apenas os econômicos), pode-se dizer, são muito pouco conhecidos.
Friedman é lembrado na academia por sua importância para a Ciência Econômica mas ignorado pelo grande público por motivos que vão da desavença ideológica até o mais puro preconceito. Os brasileiros, todos eles, não temem a liberdade. Contudo, há vários grupos que olham com desconfiança para um aumento da liberdade individual das pessoas, pois sabem que com ela vem o aumento da liberdade de realizar trocas econômicas, bem como o aumento da responsabilidade individual.
Se há um grupo com mais poder do que o outro, no mercado de divulgação das idéias, o teste “das estantes das livrarias” mostra que este não é o de Milton Friedman. A forma liberal de se mudar isto é publicando mais livros liberais (bem-vindo ao barco, senhor editor…). A forma não-liberal, claro, é obrigar as livrarias a adotarem quotas por posição do autor no espectro ideológico. Fico com a primeira por opção individual e liberal…e por deferência ao grande economista.
Descanse em paz, Milton Friedman.
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