Política é a maior diversão. E o melhor emprego. Se esse slogan não está nos estatutos do PT, alguém esqueceu de colocar.
Com a catedral de mordomias montada pelo partido para Dilma Rousseff fazer campanha, periga ela desistir de tentar a presidência. Vai querer ser candidata para o resto da vida.
Além de casa alugada por 12 mil reais no Lago Sul e jatinhos executivos para qualquer deslocamento, entre outras benesses, Dilma receberá do PT para fazer seus comícios um salário de 17.800 reais.
“A ministra não pode ter prejuízo”, justificou Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente, homem forte da DisneyLula.
Não é preciso dizer mais nada. Para quem ainda não tinha entendido, está definitivamente explicado: para essa turma, política é negócio.
Fazer campanha eleitoral a troco de que? Prometer ao povo um Brasil melhor de graça? Como diria a própria Dilma: tem dó!
A candidata não receberá do partido um subsídio, uma ajuda de custo ou algo no gênero. Será remunerada, na ponta do lápis, com uma quantia igual à soma exata de seu salário de ministra e seu jetom de conselheira da Petrobras. Por menos que isso, estaria perdendo dinheiro.
Está inaugurado o espírito público com taxímetro.
As coisas vão ficando mais claras. Entenderam por que Silvinho Pereira aceitou aquele Land Rover de uma empreiteira? Ora, o sujeito passa a vida fazendo assembléia, tramando com os companheiros a tomada do poder. Quando chega lá, não faz sentido continuar o mesmo pé rapado de sempre.
Silvinho aceitou o Land Rover para não ficar no prejuízo.
É comovente a garra da esquerda brasileira em defesa da melhoria social de sua conta bancária. E atenção: a frase de Gilberto Carvalho, o chefe de gabinete de Lula, não foi captada por microfone escondido, microcâmera ou grampo. Foi uma declaração pública, um jato de convicção.
A ministra não pode ter prejuízo. Os mutuários da Bancoop podem. Mesmo que a razão social tenha que mudar para Roubocoop. Defender o povo tem que ser lucrativo. Senão, não tem graça.
(Publicado em “Época”)
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