Uns anos atrás, o governo alemão tentou cortar o pagamento de táxis para os idosos visitarem seus médicos. É perfeitamente lógico pagar o táxi dos idosos. De que adianta o governo dar o médico e não dar o transporte?
As imediatas reações não vieram dos idosos. A primeira foi de imediatos beneficiários, os motoristas de táxis. Em algumas cidades, 45% da receita deles vinha do Seguro Social. A segunda foi dos que pagam a conta, os jovens contribuintes, intuindo que talvez no futuro, nem táxis, nem médicos: “Esses velhinhos não tem com quem conversar, então pegam um táxi e vão ao médico”
A lógica dos modernos estados do bem-estar vai criando imbróglios sem fim. O Diário de Noticias de Portugal (10/1/2007) relata reação da indústria sobre a intenção de Bruxelas (UE) de cortar dos agricultores um dos subsídios ao tomate: “A Associação dos Industriais de Tomate (AIT) alertou ontem a Comissão Européia para as consequências “desastrosas” para a indústria portuguesa… poderá implicar o encerramento de metade das fábricas do País.” “”Esta reforma irá pôr em causa um sector que é competitivo”, afirmou à Lusa o secretário-geral da AIT, Miguel Cambeses. De acordo com o responsável, Portugal é o sexto país produtor mundial de transformação de tomate.
Sr. Miguel não esclarece o conceito de competitividade da AIT na transformação de tomate, mas ele tem o melhor governo possível do lado dele, aquele que não precisa pagar a conta. Governos que pagam contas começam ficar arredios. Na Europa, já existem dois níveis de governo taxando e pagando contas e portanto, novas alianças. Vejam só a reação do Ministério da Agricultura português: “Contudo, o Governo “está a seguir com atenção este dossier e está atento às preocupações do sector. Não deixaremos de defender os interesses nacionais, até porque é possível que este assunto seja tratado na presidência portuguesa da UE”, acrescentou a mesma fonte”.
Caramba! Franqueza , inocência pura ou cara-dura? Com a presidência portuguesa da UE e se a AIT for realmente competitiva no negócio de Bem Estar Industrial, de repente dá até para os industriais portugueses se tornarem os maiores produtores de massa de tomate do mundo. A conta, aqueles jovens alemães pagam. Eles ainda não entenderam bem essas histórias de subsídios á agricultura, massas de tomate e orgulhos nacionais. Na verdade, nem conseguiram cortar o táxi dos velhinhos.
Mas em matéria de cara-de-pau, ainda prefiro os brasileiros. Uns dez anos atrás, um injuriado e conhecido industrial taxou de “sacanagem” o fim de alguns subsídios para empresas no Nordeste.
No Comment! Be the first one.