Admitir erros. A transparência na conduta está conexa a tal procedimento. Isso porque admitir acertos não é propriamente admitir, mas propagar. O que se faz de forma correta, não se admite, afinal, ninguém assume um ato correto. Assumir uma postura ou um ato está realmente ligado à coragem de fazê-lo, e não à conveniência.
Por mais que não agrade a estratégia do populismo que rege o país nos últimos oito anos, alguns pontos não podem ser desconsiderados, sob pena de incorrer em posturas obscuras presentes em governos passados.
E os pontos relatam exatamente a posição de assumir erros e abordar assuntos desagradáveis, porem, necessários. A campanha do Fome-zero, por exemplo. Abordou e aborda assunto penoso, política e sociologicamente falando. Contudo, assunto real. A fome é real, ainda que não seja causada pelo setor de biocombustíveis – afinal, há que se separar assuntos sensíveis de falácias fúteis. Exatamente por isso, por ser real, que o assunto ganhou popularidade diante de outros países classificados como desenvolvidos.
Desigualdade é outro assunto real. Por certo não com base nas explicações e teses marxistas falidas e hipócritas, mas com base na falta de educação social, de construção antropocêntrica apoiada na ciência viável, acessível aos que estão sendo educados em todos os níveis.
Abuso de autoridade e falta de representatividade republicana. Mais realidades amargas e verdadeiras.
Tais fatos devem então ser evitados nos discursos e pronunciamentos políticos? Não. Categoricamente, não. Essa é a lição apresentada nos dias de hoje. Populismo é um movimento que deturpa a verdade – exagera a boa realidade e camufla a má realidade, sempre com base em alguma realidade.
A lição é abordar assuntos amargos com objetividade e propostas verossímeis de soluções. Em suma, os assuntos mais delicados podem ser uma ótima plataforma de campanha e plano de governo, desde que se possa demonstrar a seriedade na determinação de resolução e meios financeiros e conceituais para tanto.
O governo em atuação aprendeu fazendo oposição. O que ressaltar e o que dissolver e diluir em meio às notícias – sempre as notícias, porque o eleitor não lê plano de partido para governar, mas lê notícias. Então, a “verdade” do partido no poder deve se focar na notícia. E isso tem sido feito com esmero.
Lição presente em química, física e demais ciências puras e ditas lógicas, ensina que o que existe no macro universo, existe no micro universo. Portanto, ao verificar uma engrenagem, é possível projetar engrenagem maior.
O mesmo é válido para a política. Longe de ser algo tão ilógico quanto se quer acreditar, o comportamento humano é revisível. Se não o fosse, Filosofia, Psiquiatria e Psicologia seriam abstrações, e não ciências.
Entre os discursos empregados antes do populismo e os dias atuais, existe um paralelo importante a ser traçado. Esse paralelo se dá entre os Deuses Gregos e os demais seres divinos a serem seguidos por diversas religiões. Os deuses gregos eram passíveis de falhas e paixões. Os demais, não.
Assim, é de se perguntar, se o representante do poder conferido pelo cidadão deve ou não ser mais parecido com ele, representado. Sim, deve. Porem, muito mais parecido nas falhas, e na determinação de se corrigir, do que nos sonhos de perfeição nunca atingidos.
Entre a promessa do perfeito até então pregada por partidos feudais, e a proposta populista menos pomposa e mais real, está vencendo o quadro mais próximo à realidade da massa que elege.
Parece bastante plausível que a equação da vitória reside em falar a verdade, incluindo as partes amargas, com propostas reais em curto, médio e longo prazo bem claras e conferíveis, a fim de estabelecer uma relação saudável entre representantes e representados, rumo à classificação de pais desenvolvido.
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