O Globo, 13 de fevereiro de 2006 Inovações tecnológicas. Expansão do capitalismo em escala global. Um sistema internacional de divisão do trabalho. Elevado ritmo de crescimento das economias que se integram à nova ordem global. Aceleração dos fluxos de comércio internacional com o maior grau de abertura das economias nacionais. Transferência de novas tecnologias embutidas em equipamentos industriais financiados pelo crescente movimento de capitais. Estamos obviamente falando de desafios e oportunidades do século XXI, certo? Vejamos. “A revolução industrial resultou, na segunda metade do século XIX, na formação de um sistema internacional de divisão do trabalho com base no mercado global. De importância decisiva foi a penetração de novas tecnologias nos meios de transporte. As estradas de ferro tornaram possível a rápida integração dos mercados internos, e a mecanização dos transportes marítimos derrubou as tarifas de longa distância de 70% a 90%.” “Uma das características desse sistema econômico global foi a elevação da taxa de crescimento dos países que o integravam, não somente daqueles que se especializaram em atividades beneficiadas pelo progresso tecnológico mas também de outros que utilizaram mais racionalmente seus recursos naturais. Outra característica é o surgimento de conhecimentos técnicos transmissíveis, sob forma de uma indústria de equipamentos portadores de tecnologias de vanguarda. A transmissão das técnicas de produção assumiu a forma de uma simples operação comercial, sendo possível transformar todo um setor produtivo com rapidez antes inconcebível. Mais ainda: ao dotar-se essa indústria de meios de financiamentos adequados, criou-se um mecanismo de movimento de capitais que seria fator decisivo para a estruturação do sistema econômico global.” A primeira onda de globalização da História moderna, notavelmente descrita por Celso Furtado em “Formação econômica da América Latina” (1969), foi interrompida na primeira metade do século XX por duas guerras mundiais. Não sabemos ainda se o atual choque de civilizações terá o mesmo efeito perturbador que o choque de nacionalidades e ideologias do século passado. E não me refiro, simplesmente, ao confronto com o Islã, e sim a uma disputa com a China por recursos naturais e empregos. O petróleo do Irã seria apenas o pretexto, como o assassinato do arquiduque em Sarajevo. Trabalhemos entretanto com a boa hipótese, a de aprofundamento pacífico das ondas de globalização. Ainda assim, e discordando de que “por estarem associados ao desenvolvimento das economias que lideram o processo de formação de um sistema econômico global, os atuais países subdesenvolvidos não podem repetir a experiência dessas economias” (“Subdesenvolvimento e estagnação na América latina”, 1968), é inescapável o convite à reflexão provocado por Furtado quanto aos riscos de afogamento na onda global. E com certeza o Brasil terá de mudar muito se não quiser perder as oportunidades desta nova onda.
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