Somos prisioneiros de nossas próprias crenças. O alerta é do Prêmio Nobel em Economia Douglass North em seu livro Compreendendo o processo de mudanças econômicas (2005). O autor insiste na importância das condições iniciais históricas e na necessidade de uma abordagem multidisciplinar do fenômeno do desenvolvimento. A propósito do fechamento cognitivo da social-democracia, responsável pela armadilha de baixo crescimento econômico brasileiro, faço as mesmas perguntas de Douglass North: “Temos uma boa percepção da realidade econômica? Qual a relação entre nossas crenças e nossas instituições? Como nossas instituições afetam nosso desempenho econômico? O que explica a habilidade de algumas sociedades em promover eficientes adaptações institucionais, ajustes flexíveis aos choques de toda natureza por meio de instituições que evoluem para lidar efetivamente com a realidade em transformação?” As distorções no mercado de trabalho são colossais. Mais de 50 milhões de trabalhadores na informalidade. É impossível não concluir que encargos sociais e leis trabalhistas sejam um fator crítico de exclusão social. Mas a social-democracia se satisfaz cooptando a CUT, a CGT e a Força Sindical com os recursos do FAT, perpetuando o sindicalismo de elite. A tradicional transferência de recursos entre gerações, com contribuintes jovens financiando idosos aposentados, tornou-se um conflito entre o funcionalismo público e o restante da população. A social-democracia se omite quanto à reforma da previdência social pela incapacidade de combater privilégios em seu tradicional nicho eleitoral. Adverte Douglass North: “As instituições moldadas por crenças passadas estreitam as opções presentes, resultando em processos de desintegração de uma sociedade que não consegue superar a rigidez das crenças errôneas, impedindo as necessárias mudanças. A matriz institucional define as oportunidades, sejam as que premiam as atividades produtivas, sejam as que premiam as atividades de transferência de renda. Os pesos relativos são fatores cruciais no desempenho econômico da sociedade, e os investimentos em habilitações, talentos e conhecimentos também refletirão essa estrutura de incentivos. Se as maiores taxas de retorno em uma sociedade são para a pirataria, os investimentos estarão na formação de melhores piratas.” Quando os gastos públicos atingem 40% do PIB, tem mais gente correndo atrás do governo em busca de recursos do que propriamente envolvida na criação de recursos. Prossegue Douglass North nos capítulos finais: “Um requisito básico para escapar do baixo desempenho econômico é o claro entendimento de que se origina de instituições deficientes, que por sua vez resultam de crenças e percepções inadequadas para a nova realidade. A estrutura institucional existente é um poderoso obstáculo às mudanças, pois reage em defesa de interesses adquiridos.” Se queremos mudanças econômicas na velocidade exigida pela nova ordem global, teremos de recorrer a um conjunto de crenças diferentes das moldadas pela antiga ordem dirigista, cujas raízes plantadas no regime militar foram generosamente irrigadas pela social-democracia brasileira. Teremos de recorrer aos liberais-democratas. Para nos libertar de crenças do passado que impedem o progresso.
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