“Judiar” significa tratar mal alguém. Os judeus não gostam desse verbo. Afinal, ele supõe uma identidade entre o tratamento que os judeus supostamente dispensariam às pessoas e o mau tratamento puro e simples. Este conteúdo anti-semita está lá objetivamente, na morfologia da palavra, e ainda que a maior parte das pessoas que utilizam o verbo judiar provavelmente não tenha qualquer ódio particular aos judeus, está utilizando um vocabulário típico de quem tem. No entanto, este exemplo é mais uma relíquia de tempos inquisitoriais do que uma mostra do estado de espírito atual. Por si, não é o uso do verbo “judiar” que vai tornar uma nação mestiça, como o Brasil, em um ambiente anti-semita. Mas há muitas outras expressões que trazem conceitos mais complexos e induzem certas formas de pensar que não têm qualquer correspondência com a realidade e que já têm um impacto perceptível no senso comum. Um dos exemplos mais vivos atualmente é a expressão “distribuição de renda”. Ela pressupõe, em primeiro lugar, que a “renda” é distribuída, e não obtida através do trabalho. Ela também sugere que existe, ou deveria existir, uma autoridade que distribui a renda. Assim, se A tem mais renda do que B, a culpa é de alguém que está manipulando a distribuição. Por fim, há também implícita a idéia de que há uma quantidade finita de “renda” no mundo. A imagem final é de um pequeno grupo de pessoas que perversamente alocou para si, através de tratos escusos e força bruta, a maior parte da “renda” que havia, deixando para os demais a divisão das migalhas restantes. E, ao aplicarmos a idéia de “distribuição de renda” à nossa experiência imediata de riqueza e pobreza, parece que a riqueza é uma espécie de crime e que a única maneira de acabar com a pobreza é tirar dos ricos e dar aos pobres, operando a famosa “redistribuição de renda”. No entanto, é a mesma experiência que mostra que a renda só é obtida através do trabalho. Como disse Mises, para ganhar dinheiro é preciso atender às expectativas dos outros. Homens como Bill Gates ficaram ricos trabalhando muito para atender a estas expectativas. Não obrigaram ninguém a comprar seus produtos. A chave para a riqueza parece ser uma combinação de trabalho duro e inteligência para discernir o que os outros desejam. E, como qualquer trabalhador sabe, o dinheiro ganho honestamente, muito ou pouco, é merecido. Portanto, ao falar em “distribuição de renda”, você está (ainda que inconscientemente) subscrevendo a idéia de que a riqueza é obtida não pelo mérito, mas pela desonestidade – exatamente como quem fala em “judiar” de alguém e não é anti-semita.
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