Reportagem publicada pelo jornal “O Globo” nesta quinta-feira (18) apresenta novos dados do Censo 2010, do IBGE, referentes às condições de moradia no Brasil. O levantamento revela que quase a metade dos domicílios brasileiros não têm condições adequadas para moradia. Mais de 27 milhões de residências, onde vivem 105 milhões de pessoas, não reúnem níveis satisfatórios de abastecimento de água, saneamento básico, coleta de lixo e possuem mais de dois moradores por dormitórios. Apenas 52,5% dos lares brasileiros – cerca de 30 milhões – são considerados adequados pelo IBGE. Na região Norte, o percentual cai para 16,3%, no Nordeste, 35%. A região Sudeste tem a melhor taxa, com 68,9% de residências adequadas e o Sul, 59,35%. O Censo 2010 também mostra que quanto menor a renda , menor a parcela residências adequadas. Apenas 30% das casas ondem moram crianças de zero a seis anos possuem condições adequadas de moradia. O rendimento médio dos domicílios adequados é de R$3.403,57, enquanto o dos inadequados é de R$732,27.
O IBGE classifica como adequada a residência que conta com abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede geral ou fossa séptica, coleta de lixo direta ou indireta e, no máximo, dois moradores em cada dormitório. Os domicílios inadequados não têm sequer um desses serviços e os semiadequados contam com ao menos um dos serviços.
Os dados comprovam que o Brasil, apesar de ocupar a sexta posição no ranking das economias do mundo, ainda não conseguiu vencer as barreiras do subdesenvolvimento. O economista e especialista do Instituto Millenium, Claudio Considera acredita que é necessário melhorar os serviços públicos oferecidos ao cidadão e ao mesmo tempo combater o vazamento de recursos causado pela corrupção.
De acordo com o economista, a redistribuição de ativos, através de medidas fiscais, um programa de taxação mais eficiente e um programa de redução da taxa de juros sobre a renda do capital, a médio e longo prazos, poderiam ajudar a solucionar o graves problemas que o país ainda enfrenta. “A solução seria a economia crescer de forma mais acelerada do que ela vem crescendo. Com isso, a renda média das famílias em geral aumentaria progressivamente”, acrescenta.
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A teoria política da corrupção
A corrupção é um fator preocupante da vida pública brasileira e contribui para a péssima qualidade dos serviços públicos essenciais como educação, saúde, moradia, saneamento básico, mobilidade urbana oferecidos à população, como explica Claudio Considera: “Quando existe a corrupção o governo deixa de fazer o que deveria. No caso das obras públicas, por exemplo, quando desvia-se dinheiro para pessoas corruptas, a empresa também deixa de cumprir com suas obrigações. Isso faz com que uma obra de saneamento por exemplo, saia muito mais cara. A empresa executora acaba cobrando um valor muito mais alto pela obra.” O especialista cita como exemplo, o caso do Mensalão: “Tem-se um desvio direto comprovado de R$ 55 milhões, mas esse valor representaria apenas uma parcela do total desviado, que seria de R$350 milhões”, lembra.
Considera adverte que quando uma empresa paga suborno a um administrador público ela também recebe valores muito maiores do que ela receberia se não houvesse corrupção. “O recurso desviado para a corrupção é muito significativo, na medida em que o agente público deixa de fiscalizar um serviço ou uma obra, ao mesmo tempo em que a empresa que está no esquema acaba cobrando a mais. Esse “ganhar a mais” é que muito grave também”. Na análise do economista, o suborno pago ao agente público somado ao que as empresas recebem a mais representam o custo pago pela sociedade. “A população não se dá conta de que o custo econômico da corrupção é muito alto”, lamenta.
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