Como dissemos no Panorama Macroeconômico, antes de melhorar, piora. Esta é a impressão que ficou quanto da divulgação da ata do Fomc referente à reunião de março passado (dias 27 e 28).
Para os analistas do Fed, nos próximos meses ainda haverá alguma deterioração no quadro da economia norte-americana, para depois haver uma suave recuperação entre o fim deste ano e o início do próximo.
Segundo a ata, “as condições atuais pioraram em relação à expectativa que tinham em janeiro, avaliando-se que a inflação nos EUA deve permanecer amortecida com a possibilidade de deflação. Passada esta fase crítica, no entanto, o PIB norte-americano deverá ter sua queda suavizada, se estabilizando ao longo do segundo semestre, antes de começar a progredir lentamente em 2010.”
Entre os analistas do Fed também foi consenso que a autoridade monetária deveria ampliar a aquisição de ativos, de forma a injetar dinheiro no mercado, ajudar a estimular a atividade econômica e evitar que o país passe a viver em deflação – o que também atrapalha a retomada. Houve consenso, também, sobre a necessidade de aquisição de títulos de longo prazo, visando uma suavização do horizonte dos agentes e dos vencimentos de dívidas. A maior divergência ocorreu na dimensão das compras de ativos – uns defendendo ações mais substanciais e outros mais modestas.
No cenário doméstico, uma notícia preocupante veio do fluxo cambial de março, negativo, depois de fechar fevereiro no azul.
Segundo o Bancen, o fluxo de março fechou negativo em US$ 797 milhões. Lembremos que entre outubro e março, apenas fevereiro registrou resultado positivo, de US$ 841 milhões. Para piorar, nos primeiros dias de abril a saída de dólares continuou. Até o dia 3 deste mês, a saída acumulada era de US$ 498 milhões.
No saldo comercial, o fluxo foi positivo em US$ 3,10 bilhões em março e em abril, até o dia 3, o câmbio comercial mostrou resultado negativo de US$ 269 milhões. Já o saldo financeiro mostrou saída de divisas em março. As compras atingiram US$ 22,02 bilhões e as vendas somaram US$ 25,92 bilhões, com uma saída líquida de US$ 3,90 bilhões. Nos três primeiros dias úteis de abril, a saída de recursos pelo câmbio financeiro somou US$ 229 milhões. Desde o início de 2009 até o último dia 3 de abril, as saídas líquidas acumuladas somavam US$ 3,472 bilhões, ante fluxo positivo de US$ 10,676 bilhões em igual intervalo de 2008.
Por fim, o IPCA desacelerou para 0,2% em março, no menor nível desde setembro de 2007, quando havia registrado 0,18%. A projeção desta Consultoria era 0,25% para março. Já na primeira prévia de abril, o IGP-M registrou deflação de 0,53%, maior do que em março, quando caiu 0,45%. Em 12 meses acumulados até esta medição, o IGP-M registrou alta de 4,99% e no acumulado do ano de 2009, o índice retrocedeu 1,44%. O IPA recuou 0,94%, com os produtos agropecuários recuando 0,16% e os industriais acabaram cedendo 1,19%. Um mês antes, haviam caído 2,09% e 0,25%, respectivamente. Já o IPC saiu de alta de 0,03% na primeira parcial de março para um salto de 0,42% agora, com grande impacto do grupo Alimentação, que passou de uma deflação de 0,51% no mesmo período de março para um acréscimo de 0,68% em abril. Já Vestuário registrou o mesmo comportamento, indo de diminuição de 0,79% para aumento de 0,31%, em função do fim dos estoques e do lançamento da moda inverno.
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