Os mercados viveram um dia de euforia nesta quinta-feira, em função das boas decisões tomada na reunião de cúpula de Londres, o chamado “encontro do G-20”, as 20 maiores economias do mundo, entre ricos e emergentes. No mercado doméstico, o Ibovespa operou acima dos 44 mil pontos, com elevação de 4,2%, liderado pela Vale, ainda mais depois do anúncio do plano de se criar um fundo de US$ 250 bilhões para o financiamento do comércio exterior nos próximos dois anos. Com isto, o dólar despencou quase 2%, indo a R$ 2,235 e na Europa e nos EUA, os principais mercados de ações operaram em forte alta.
Dentre os destaques do dia, foi anunciada a liberação de recursos, que podem passar de US$ 1,8 trilhão para “vitaminar” as instituições multilaterais, como FMI e Banco Mundial, importantes como “emprestadores de última instância” aos países mais fragilizados pela crise. Somado a isto, Gordon Brown, primeiro ministro britânico, anunciou um aporte de US$ 5 trilhões, até o final de 2010, para tentar viabilizar a economia global neste período.
Outra boa notícia veio da decisão da FASB nos EUA de flexibilização das regras de “marcação a mercado de ativos nos EUA”, permitindo que as instituições usem seu próprio julgamento na determinação do “valor justo” dos seus ativos. Outra decisão tornou mais fácil para as empresas evitar ter que assumir custos sobre perdas quando sofrerem prejuízos em seus investimentos. Isto acabou servindo para que os bancos norte-americanos operassem no azul nesta quinta-feira.
No aporte de recursos para as instituições multilaterais, o G-20 concordou em triplicar os atuais recursos do FMI, de US$ 250 bilhões para US$ 750 bilhões, numa nova alocação dos Direitos Especiais de Saque (DES, a moeda do FMI), além de dar sustentação a cerca de US$ 100 bilhões em empréstimos adicionais pelos bancos multilaterais de desenvolvimento e a garantir US$ 250 bilhões nos financiamento ao comércio (que impulsionaram as nossas empresas exportadoras no dia). O grupo concordou também no uso de recursos adicionais na vendas de ouro do FMI para financiar os países mais pobres e constituir um programa adicional de US$ 1,1 trilhão para dar apoio à recuperação do crédito, do crescimento e do emprego na economia mundial.
Outra decisão do G-20 veio da necessidade de uma “reformatação” sobre o sistema financeiro internacional, com o debate preliminar sobre novas regras de funcionamento. Dentre os pontos abordados falou-se de uma nova regulamentação para os fundos hedge, do registro de agências de crédito, do fim do sigilo bancário, e de uma forte repressão aos paraísos fiscais.
Enfim, a reunião do G-20 trouxe medidas concretas para reanimar a economia global, sinalizando que não há mais tempo a perder. Dentre as estratégias que exigem um tratamento imediato, destaque para a necessidade de soluções para restabelecer a saúde dos bancos e assim fazer fluir o crédito; alocação de novos recursos nas instituições multilaterais e novas medidas que impeçam o protecionismo. Avanços consideráveis, portanto, foram obtidos nesta reunião pelos países desenvolvidos e os principais emergentes. Isto pode ser a sinalização de que a fase mais aguda da crise já foi superada.
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