Os mercados operaram, na maior parte desta quarta-feira, instáveis, na expectativa do que seria anunciado na reunião do Fed desta tarde. Ao fim, acabaram reagindo, com o Ibovespa fechando em alta de 1,7%, diante do anúncio do Fed de manutenção do juro no atual intervalo de 0 a 0,25%, e da injeção de novos recursos no mercado de hipotecas. Foi anunciada a aquisição de títulos, pelo Fed, totalizando US$ 350 bilhões, e foram injetados mais recursos no mercado de hipotecas, no total de US$ 750 bilhões, totalizando um aporte de recursos no valor de US$ 1,25 bilhão.
Somado a isto, outros fatores também contribuíram para deixar os mercados em suspense, como a projeção pelo Banco Mundial, de menor crescimento do PIB da China neste ano (6,5%), afetando os papéis da Vale, e a expansão na oferta de empregos formais de 9,17 mil em fevereiro, segundo o Caged.
Sobre este grande volume de recursos injetados no sistema bancário e nas hipotecas, isto pode ser um indicativo de que o Fed ainda possui munição para tentar recapitalizar este mercado. Pode ser um indicativo, também, de que a crise é profunda, e a reação do sistema bancário ainda deve demorar.
Em paralelo, estas medidas são um sinal claro de que os instrumentos de política monetária clássicos já se esgotaram, com o Fed buscando novas alternativas para alavancar o mercado de crédito.
O objetivo da compra de US$ 300 bilhões em títulos do Tesouro de longo prazo foi reduzir o juro da economia em títulos de longo prazo. Se o governo começa a comprar títulos, ele puxa o preço para cima, derrubando as taxas de juros. Isto foi sentido de imediato depois deste anúncio: os títulos públicos norte-americanos, de 10 anos, recuaram de 3,0% para 2,5% ao longo do dia. Caindo os juros futuros, caem também os juros da economia como um todo, como no caso dos contratos de hipoteca.
Já a compra de mais US$ 750 bilhões em ativos lastreados em hipoteca teve por objetivo destravar este mercado. Como há muito ativo podre espalhado, até os ativos com liquidez estão sem compradores. Com a entrada pesada do Fed nesse mercado (estes US$ 750 bilhões serão adicionados aos US$ 500 bilhões que já havia sido anunciado), a expectativa é de que a liquidez retorne e apareçam novos compradores.
No comunicado sobre a economia, o Fed disse que “embora o cenário econômico no curto prazo seja fraco, o comitê antecipa que as medidas para estabilizar os mercados financeiros e as instituições vão contribuir para uma retomada gradual do crescimento econômico sustentável.” Estimativas, no entanto, indicam que o PIB dos EUA deverá recuar cerca de 5% neste primeiro trimestre de 2009. No quarto trimestre de 2008, o PIB encolheu 6,2%, pior resultado em 25 anos.
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