Segundo a edição deste domingo (31/01/2010) do jornal espanhol, o presidente Daniel Ortega tomou mais uma atitude com o objetivo de controlar a atuação da imprensa. De acordo com a publicação, desde que assumiu o poder em 2007, ele tem promovido ações que colocam em risco à liberdade de expressão.
Na semana passada, o alvo foi o jornalista Carlos Fernando Chamorro, diretor, editor e apresentador de um programa de análise política e jornalismo investigativo do Canal 8 de Manágua. A emissora foi recentemente comprada pelo presidente Ortega com fundos de cooperação venezuelana (US$ 450 milhões em 2008). A transação, segundo afirmaram os jornais, teria chegado a US$ 10 milhões.
O negócio alertou jornalistas e organizações civis. Com essa aquisição, Ortega pretende calar uma das vozes mais críticas do país. Chamorro é autor de reportagens sobre a manipulação da justiça para favorecer amigos do presidente. As matérias mostraram que pessoas ligadas a Frente Sandinista de Libertação Nacional, partido de Ortega, mantém uma rede no poder judicial para chantagear empresários.
Na semana passada, um porta-voz do governo disse a Chamorro que, caso quisesse, poderia manter seu programa no Canal 8. O jornalista recusou o convite com um emotivo discurso de despedida: “Hoje ratifico diante da sociedade nicaragüense que não desejo ser sócio ou colaborador do senhor Ortega, direta ou indiretamente, nem em seus negócios econômicos nem em seus negócios políticos, que buscam limpar sua imagem autoritária”.
O governo controla as licenças de rádio e televisão e exerce pressão econômica contra os jornais, através de impostos e outros tributos. As instituições do Estado violam as leis de acesso à informação vigentes no país. A justificativa é que os “meios de direita”, como os chama Ortega, querem desestabilizar sua gestão.
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