Depois do ajuste do segundo trimestre, a economia brasileira já mostra reação neste terceiro, o que nos leva a crer que o ocorrido no período anterior foi pontual, não se “estendendo” para o restante do ano.
Mesmo assim, cresce a tese de que o BACEN deverá dar uma parada técnica na política gradual de aperto monetário, implementada neste ano. A taxa de juros, atualmente, em 10,75%, pode sofrer mais um ajuste agora na reunião do Copom de setembro, em 0,25 ponto percentual, para depois haver uma trégua. Isto se justifica pelos movimentos de acomodação da indústria e do comércio, assim como da inflação.
No entanto, movimentos recentes dos IGPs mostram algum recrudescimento dos índices no atacado, impactados pela alta do minério de ferro, o que tende a contaminar a inflação a partir de agosto. Neste caso, o IGP-M registrou 0,55% na segunda prévia de agosto, com o IPA passando de -0,01% para 0,89%, Matérias-Primas pulando de 0,21% para 3,47%, e minério de ferro saltando de -0,43% para 14,81%.
Com isto, não devemos descartar novas pressões inflacionárias mais adiante, o que pode colocar tensão na condução de política monetária do BACEN. Por enquanto, teremos esta decisão de elevação do juro em setembro e depois?
O cenário que visualizamos para este segundo semestre é de forte demanda, com a ocorrência de dissídios de várias categorias, como comerciários, metalúrgicos, bancários, etc. Somado a isto, temos o 13º salário, que deve injetar cerca de 3% do PIB na economia em renda adicional. Não esqueçamos também dos reajustes salariais para os aposentados.
Isto nos leva a crer que no segundo trimestre houve uma acomodação pontual da economia, que não deve se repetir nos próximos dois trimestres. Com isto, o BACEN deve operar pressionado ao longo deste segundo semestre, com alguns o acusando de ceder às pressões políticas de um ano eleitoral.
Lembremos que é possível uma parada técnica em setembro, mas depois ainda ocorrerão mais duas reuniões do Copom até o final do ano – dias 20 de outubro e 8 de dezembro. As dúvidas é saber se a inflação se manterá no patamar administrável de 0,25% a 0,4%, com maiores pressões das commodities. Para piorar, salientemos sobre as pressões do setor agrícola, como a do trigo, o que deve causar um reajuste de até 20% nos pãezinhos e nas massas.
Mesmo assim, o mercado e a autoridade monetária estão com seus radares virados para as decisões a serem tomadas para 2011, sendo que este ano já é dado. É provável então que tenhamos o início de um novo ciclo de aperto monetário a partir do primeiro trimestre do ano que vem.
Este quadro se coaduna com uma economia voltando a se aquecer, o que pode ser visto pelo incremento do nível de utilização da capacidade instalada, já em torno de 82%, mas ameaçando romper este patamar. Neste caso, observa-se ainda um movimento heterogêneo, com alguns setores perdendo força e outros encontrando-se muito aquecidos.
Observa-se acima uma economia ainda aquecida, mas gradualmente devendo perder força, contra o pico do primeiro trimestre. Com isto, estamos visualizando um PIB desacelerando de 9% no primeiro trimestre, para 7,6% no segundo, recuando a 6,8% no terceiro e 6,2% ao fim do ano.
Tem-se, neste caso, uma perda de força em função da base de comparação mais forte do último trimestre do ano passado, além da baixa capacidade de endividamento dos agentes, ciclo de aperto monetário e fim das isenções fiscais. Mesmo assim, os fatores citados antes devem sustentar a economia brasileira ainda num bom ritmo de expansão no restante do ano.
Neste cenário, estamos visualizando um crescimento do PIB em torno de 6,5% a 6,8% ao fim deste ano, recuando a 4,5% no ano que vem.
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